segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Des-espera(o)

Ser nu e visceral consigo mesma, despejar palavras e jorrar os sentimentos sobre o papel é terrível. 

Às vezes soo como outra pessoa. E estranho a mim mesma. 
Surte da superfície e do senso comum o que escrevo, falo, expresso. Caricaturas do real que ouso enxergar de quando em quando. Caricatura de mim mesma que sequer olho de verdade para o meu interior. 
Talvez por isso eu admire tanto a poesia. Tantas vezes um reverberar sem cabimento e que sinto que não consigo criar. Por que tudo tem que fazer sentido? 

Eu quero escrever bem. Mas será que consigo ser em papel minha própria prosa? Ou continuarei não me reconhecendo no que teço? Continuarei transparecendo somente uma vulgar sombra do meu eu? Ou mostrarei mais que uma fresta do turbilhão que me acompanha?

(continuará)...


Aline Prado