terça-feira, 4 de novembro de 2014

Submerso

Do filme 'Submarine', 2010.


'Tonight I stumbled across an encyclopaedia entry on ultrasound. Ultrasound is a sound 
vibration too high frequency to be audible. It was first developed to locate submerged objects – submarines, depth charges, atlantis and such. 


Some animals, like bats, dolphins and dogs, can hear within the ultrasonic frequency. But no human can. No one can truly  know what anyone thinks or feels. 


What's inside Mum? What's inside Dad? What's inside Jordana? We're all travelling under the radar undetected. And no one can do a thing about it.'



segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Qual é o sentido da vida pra você?

Sentamos num café já familiar. Gabriel com seus penetrantes olhos mel e com o seu habitual comportamento inquieto acende um cigarro. E vai me respondendo tudo rapidamente, sem pensar. Quase que despejando questionamentos que estão alí, sempre presentes apertando no peito.


- "Quem é o Gabriel?"

- "Gabriel é.... (Pensa um pouco e dispara a falar) Tenho 21 anos, estudo gastronomia. Não é o que eu gosto mas é o que eu sei fazer da vida. Na verdade eu sei fazer muita coisa, mas nada que me arrume um emprego. Tem essa parte. Eu não gosto disso (gastronomia). Acho legal, mas não é isso que eu quero pra minha vida."

Ele mexe nos anéis e no cabelo.

- O que mais você me diz sobre o Gabriel?

- Sou uma pessoa meio transgressora. Acho essa coisa de regra muito padronizado. Acho que as pessoas deviam ser livres.

A gente chega a conversar até sobre anarquia, quando o peço pra continuar me falando mais sobre ele.

- Eu sou uma pessoa tranquila, muito tranquila. Gosto de todo mundo, me dou bem com tudo.

(Percebendo a contradição, pergunto) 
- Mas ao mesmo tempo é uma pessoa muito insatisfeita?

- Exatamente! Mas é uma questão mais comigo mesmo. De não ter um objetivo. Ou de não gostar de nada.

- Você não tem objetivos, ou você não tem sonhos?

- Os dois! Como vou ter objetivos se não tenho sonhos?

- Você pode ter objetivos, metas. Como comprar um carro.

- Não, acho isso muito bobo. Sou mais de ser algo. Nao penso em ter 30 anos, um carro, uma casa, uma família. Pra mim tanto faz essas coisas. 

- Mas você sente falta de não ter esse futuro projetado?

- Tenho medo de ficar velho e não ter achado uma finalidade para mim ainda. Pra mim mesmo, quanto pra sociedade.

- Você na sociedade?

- Exatamente. Eu existo, ok. Mas e isso daqui a 100 anos? Eu começo a pensar e isso me leva a coisas muito maiores.

- E você acha que não tem um sonho porque não conseguiu achar um sentido pra sua existência?

- Um sentido pra vida, na verdade. Eu acho tudo muito pouco. A gente vive pouco, tudo acontece muito rápido.

- E qual seria o sentido da vida pra você?

- Sei lá... Amor? Todo mundo vive em função de achar um amor na vida. Todo mundo vive a vida tentando achar alguém que vai fazê-lo se sentir bem. Você é assim? Por mais que você passe a vida tentando ter um bom emprego, ganhar dinheiro... Você ainda vai querer ter alguém. Por mais que seja inconsciente isso. Você pode chegar ao final da vida e conseguir tudo, mas e se você não teve ninguém pra dividir isso? Então no final das coisas o sentido da vida pode ser amor.

- Você acha que amor só neste âmbito?

- Não parei pra pensar nisso ainda, mas eu pelo menos, por mais que eu tenha tudo, eu não me sinto completo se eu não tiver alguém, amando alguém. Eu preciso de emoções fortes e intensas o tempo todo. E a mais intensa seria o amor. De estar completamente apaixonado. Não viver em função dela, mas fazer da pessoa realmente parte da sua vida. Mais ou menos isso.

- E isso completaria sua vida?

- Eu me sinto... Que não preciso de tantas coisas. É, completo mesmo. Pro dia a dia, acho que essa é a finalidade da vida. Você entendeu o que eu falei?


Aline Prado

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Caminhar

Segurei firme na maçaneta. Girei a chave e encerrei um ciclo. O barulho da porta fechando, ressoou fundo. Ressoou na alma que despedia do que antes fora um lar.

Terminar ciclos e historias é sempre uma desilusão. Não daquelas impostas que você sofre sem escolha.  Des-ilusão porque uma idealização chegou ao fim.

Mas des-ilusões sempre fazem com que a gente se liberte. 

Sinto mais livre pra criar novas expectativas. Porque ao contrário do que a maioria pensa, criar expectativas não é um erro. Almejar alto é uma necessidade. O pouco jamais vai me contentar. 

E assim fechei a porta. Sequei algumas lágrimas e olhei pra frente cheia de esperanças e exigências pra mim, pra nós, pra vida, pro futuro. Afinal como diria o escritor: "De onde menos se espera é que nada sai mesmo. " 

Aline Prado

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sobre dons que todos temos

- Você não acha que a vida é um milagre?
- Não. A vida é para fazer milagres.
... Ela tem razão, a vida é para fazer milagres [...] esse milagre pequenininho que temos em nossas mãos, o de querer bem uns aos outros e de nos ajudarmos. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Des-espera(o)

Ser nu e visceral consigo mesma, despejar palavras e jorrar os sentimentos sobre o papel é terrível. 

Às vezes soo como outra pessoa. E estranho a mim mesma. 
Surte da superfície e do senso comum o que escrevo, falo, expresso. Caricaturas do real que ouso enxergar de quando em quando. Caricatura de mim mesma que sequer olho de verdade para o meu interior. 
Talvez por isso eu admire tanto a poesia. Tantas vezes um reverberar sem cabimento e que sinto que não consigo criar. Por que tudo tem que fazer sentido? 

Eu quero escrever bem. Mas será que consigo ser em papel minha própria prosa? Ou continuarei não me reconhecendo no que teço? Continuarei transparecendo somente uma vulgar sombra do meu eu? Ou mostrarei mais que uma fresta do turbilhão que me acompanha?

(continuará)...


Aline Prado

sábado, 30 de agosto de 2014

E ponto!

Hoje acordei querendo me reinventar. A insatisfação sempre foi minha guia. Quero mudar de estrada. Talvez ela venha atrás de mim e tente me acompanhar. Mas vou estar sempre um passo a frente.  Não quero mais que ela me faça sombra.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Uma não poesia

Não tem sensação melhor do que estar na estrada com o vento batendo no rosto. Silêncio. Plenitude. Gratidão. Reflexões. 

E se a estrada fosse o fim da linha? E se tudo acabasse aqui? E se fosse o último caminho a percorrer? 

Se fosse? Iria a pé, devagar, com os pés descalços e fôlego pra apreciar as belezas do trajeto. 


A estrada é o fim da linha. Um caminho em ascendência. E aqui, só há espaço pra isso. 



Aline Prado.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Duvidas

(Achei perdido... Queria saber a data).

Você ouve os meus pensamentos?
Consegue entender o que eu não transmito?
Sente minha falta quando estou partindo?
Ou sou só eu criando histórias?

O que vivemos ontem, ainda hoje é desejo?
Ou são só lembranças na memória?

Aline Prado

sábado, 26 de julho de 2014

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Superficial

Toda vez que eu escuto alguém falar "homens são previsíveis", "mulheres são previsíveis", "fulano de tal é previsível". Dá vontade de fazer aquela cara... As pessoas são incríveis. Até os diferentes jeitos que elas arrumam de serem filhas da puta são admiráveis a sua maneira.

Se ninguém te surpreende mais meu caro, a culpa é toda sua que age sempre da mesma maneira e que vê tudo sempre pelo mesmo lado.


Aline Prado

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Aprendizagem

Do livro da vez:

"Mais uma vez, nas suas hesitações confusas, o que a tranqüilizou foi o que tantas vezes lhe servia de sereno apoio: é que tudo o que existia, existia com uma precisão absoluta e no fundo o que ela terminasse por fazer ou não fazer não escaparia dessa precisão." 

Clarice Lispector

sábado, 22 de março de 2014

Caricaturas Modernas

"E é assim, como quem acredita estar livre dos estigmas do passado que continuamos acorrentados ao mais velho e vulgar de todos os temas: a opinião dos outros.

De cada cem rebeldes, noventa e nove praticam a 'moda da rebeldia'. De cada mil 'autênticos', novecentos e noventa e nove praticam a única originalidade que são capazes: a que dita o costume vigente.

E assim é como, já que não sabemos viver, aparentamos que vivemos".