quinta-feira, 9 de abril de 2015

Importar e ser importado (tão essencial quanto o tão famoso jargão)

São 3:20 da madrugada. Ainda não consegui esquecer o trecho do livro que li ainda de manhã, nem das lembranças que isso me trouxe.

No livro contava de uma noite de ação de graças que um paciente passava no hospital: Quando ele começou a lembrar do que essa data significava e como sua mãe ia passar a noite sozinha em casa e sem dinheiro pra comprar o jantar, ele começou a chorar baixinho. Mas uma enfermeira que ja estava encerrando o turno, ouviu. Ela enxugou as lágrimas do paciente e disse que ela não queria passar aquela noite sem companhia e trouxe um jantar, suco, sobremesa. E ficou ali do lado durante horas após seu turno, até que o jovem se acalmasse um pouco e adormecesse.

Derramei algumas lágrimas no meio da rua ao ler. Fiquei comovida. Lembrei da vez que vi minha mãe presa entre dois carros e sua vida por um fio. De como fiquei completamente perdida e desesperada, andando de um lado pro outro sem saber o que fazer ou pra onde olhar. Até que uma mulher (seria capaz de descreve-la até hoje) me segurou em um abraço e chorou comigo. E não me largou até minha mãe estar segura em uma ambulância e eu a caminho de casa. 

Chorei. Pra ver se meu choro me lembrava o do outro. Chorei pra lembrar que chorar sozinho doi. Chorei sozinho porque ninguém escutou. 

Ja parei de chorar. E agora estou tentando fazer silêncio: do ego, dos "problemas", das "preocupações" pra ouvir as lágrimas do outro. 

E se for pra chorar, que seja junto.  

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